sábado, 6 de março de 2010

AS PALAVRAS, ÀS VEZES














As palavras, às vezes,
se deitam,
no meio da noite.

E fecham os olhos,
e fingem que dormem: as palavras cochilam.

Elas viram para o canto,
as palavras,
escasseiam os versos e contos e fábulas.

O mundo se aquieta por falta de verbos.

Pode ser que as palavras
se usem nos sonhos.
Tem sonhos falados e tem sonhos mudos.

As palavras,
às vezes,
se encolhem num canto escuro da noite,
e o mundo ressona em silêncio, enfadado.

foto: Rob Evans

6 comentários:

Pessoa número 7 disse...

Achei esse um dos teus melhores! Parabéns! Muito bom mesmo!

angela disse...

E como é duro quando ficam encolhidas num canto silenciosas.
Adorei o poema e que bom que retornou com a corda toda.
beijos

Marcantonio disse...

Já estava sentindo falta. Mas, pela beleza desse poema, valeu a pena aguardar. Um abraço

Muadiê Maria disse...

Vim da Fal, conhecer seu blog. Gostei especialmente dessa poesia.
Um abraço,

Renata de Aragão Lopes disse...

"as palavras cochilam"

AMEI ISSO!!!

Beijo,
doce de lira

Rafael Bernardino disse...

Li algumas de suas poesias e particularmente essa foi a que mais gostei até o momento...

Sim, as palavras, mesmo em silêncio as vezes querem nos dizer muita coisa. E é no silêncio também que as palavras se unem...

Gostei do seu estilo.