sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

O DESFECHO






















Ai! que eu chorava...

E, agarrando-me à tua camisa
num soluço convulso, eu dizia:


- Não me deixe!

Querendo alongar os minutos,
eu mentia
que tinha falta de ar,

que o coração me doía,

que não conseguia respirar...


Desespero,
tragédia,

homicídio,

suicídio, idéias funestas.

No desfecho,
os teus passos lá fora:

longe, mais longe, mais longe...


Ai! que não se morre assim,
quando se deveria morrer.


foto: "Uivando" - Paula Rego

2 comentários:

Dona Sra. Urtigão disse...

Em poucas palavras revelada toda a dor possivel do fato. Obra de mestre. Poesia da melhor, daquela que nos faz viver/sentir, que traz do fundo da nossa alma tudo que precisamos (re)ver. Catarse. Mesmo quem não teve o prilégio da vivencia revelada, pode experimentar, pela palavra do poeta.
Abraço.

Concha disse...

Ao olharmos para tudo o que não possuímos, costumamos pensar:
-Como seria se fosse meu?
E, dessa maneira tornamo-nos conscientes da privação.
Em vez disso, diante do que possuímos, deveríamos pensar frequentemente:
-Como seria se eu o perdesse?

...in "A Arte de Ser Feliz"
Arthur Schopenhauer