quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
MINHA ALDEIA
Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia. (Liev Tolstói)
Se eu pintasse a minha aldeia
do jeitinho que ela é:
terra seca, terra magra,
casinhas de pau-a-pique
com telhado de sapé.
Gado esquelético,
alheio,
roça ruim
e alienada,
infância pobre e roubada,
comendo resto de lixo...
Se eu pintasse a minha aldeia
do jeitinho que ela é:
gente magra,
gente feia,
e sem sapato no pé;
sem estudo,
sem registro,
sem dinheiro,
sem passado,
sem futuro,
sem motivo para viver...
Se eu pintasse a minha aldeia
do jeitinho que ela é,
seria de duas uma:
ou virava universal,
ou ninguém ia querer ler.
foto: "Retirantes" - Cândido Portinari
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2 comentários:
"Universal", sem dúvida. A mistura entre o quadro e a poesia ficou sublime.
Dal,
a vida simples, como a poesia, respira do pó do chão, do cheiro de pele e necessidade. Quando te leio, sinto essa fome primal. Tão universal, querida, tão tocantemente universal...
Ontem conheci a Tita, falamos em ti. Beijo na alma, fica com Deus
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