sábado, 1 de setembro de 2007

REFLEXO


Da minha janela eu olho para o outro,

que toca piano,
que fuma cachimbo,
que sai na sacada no meio da tarde,
que rega um gerânio,
e olha o ocaso com o olhar perdido.

Da minha janela eu espio o outro,
que fala sozinho,
que acende as luzes,
que lê sempre um livro de capa amarela,
que olha para a lua,
e solta um suspiro e que vive sozinho.

Da minha janela eu entendo esse outro,
que odeia a rotina,
que odeia o costume,
que fica acordado no meio da noite,
que olha o infinito,
e que me acompanha como o meu reflexo.

janeiro 2006