sábado, 18 de agosto de 2007

DE MANHÃ CEDO


Um tímido raio amarelo aparece no céu,
ainda meio confuso.

Um sol sonolento espreita
nas nuvens cinzentas, pesadas de chuva.

A vida reluta em surgir na cidade:
o dia ameaça clarear...

Os ônibus tristes circulam,
assombrando as ruas.

Abrindo caminhos incertos
na névoa espessa,
só param nos pontos exatos.

Carregam os homens cinzentos
que parecem ratos
seguindo uma flauta.

Um policial ajeita a gola da farda:
(excesso de zelo)
um sino badala sonâmbulo.

A dona-de-casa vem da padaria
trazendo a sacola
com o pão e o leite.

Um cachorro magro refuça comida
no saco do lixo,
e o poeta procura o sentido das coisas
na mesa do bar.

agosto 2006

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